Marcelo Dutra da Silva
Nosso primeiro fórum de desenvolvimento da economia azul
Marcelo Dutra da Silva
Ecólogo
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Rio Grande acaba de sediar mais um evento grandioso, o Primeiro Fórum de Desenvolvimento da Economia Azul, que reuniu lideranças do perímetro local, da região, do Estado e do País. Uma programação muito bem construída e recheada de boas perspectivas para o desenvolvimento regional. Foi um pouco de tudo, do planejamento espacial marinho, ao financiamento de longo prazo dos bancos de fomento para o empreendedorismo da economia azul, passando pela geração de energias limpas, hidrovias e estoques para a atividade pesqueira. Assunto não faltou.
A economia azul, do inglês Blue Economy, é um termo da economia relacionado com a exploração, preservação e regeneração do ambiente marinho. Seu escopo de interpretação varia entre as organizações. No entanto, o termo é geralmente empregado para abordar o desenvolvimento sustentável dos recursos costeiros. E este é o caso. Nossa costa se estende por mais de nove mil quilômetros, se forem consideradas as saliências e reentrâncias do litoral. É um vasto território de riquezas naturais e possibilidades de uso, que precisa ser planejado em detalhes. Mas isso não recebeu muito destaque e me deixou preocupado.
A costa brasileira é um espaço rico, frágil e já bastante pressionado. É evidente que novos investimentos são bem-vindos, novas formas de uso, produção e desenvolvimento econômico... Entretanto, fica mais difícil de dar certo se o planejamento ambiental não estiver na base de tudo isso. Os conflitos que já conhecemos e sentimos serão aumentados na ausência de planejamento, que vai além de um mapa com a posição espacial dos usos diversos. Há de se encontrar sintonia entre os atores e suas ações de desenvolvimento. Algo que certamente é muito difícil.
Outra coisa que me chamou atenção foi a concentração de iniciativas voltadas e/ou reclamadas para o desenvolvimento local. Rio Grande tem um porto, tem indústrias e um vasto potencial para novos investimentos. No entanto, não é uma ilha e senti muita falta da presença de Pelotas e de outros municípios da região, da presença da Associação dos Municípios da Zona Sul (Azonasul), universidades e institutos federais, Embrapa, Corede, entre outras forças vivas parceiras para o desenvolvimento. Terá sido uma ausência estratégica? Tomara que não.
Os grandes projetos apresentados no Fórum, para além da repercussão econômica, também são de grande importância para nossa virada energética. O parque eólico offshore, a planta de hidrogênio verde, a hidrovia... Propostas que podem fazer uma grande diferença por aqui. Quem sabe, é aí que mora a tão esperada nova onda de prosperidade. O problema que para acontecer vamos precisar, primeiro, aprender a surfar unidos. E é aí que mora boa parte do nosso fracasso. A nossa falta de união e incapacidade para o diálogo acaba colocando tudo a perder.
Por outro lado, Pelotas parou no tempo. Nunca esteve tão morna na política e a Câmara de Vereadores passa pelo seu mais apagado momento da história. Não se ouve falar de absolutamente nenhuma ação da cidade em prol do desenvolvimento. O silêncio é absoluto. Não há relacionamento com as forças vivas locais, tampouco são feitos esforços de união com os municípios vizinhos ou tentativas de atrair novos investimentos. Até parece que o único ativo econômico que importa é o da construção civil e o da compra e venda de imóveis. Não é possível que sejamos tão limitados.
Pelotas precisa acordar! Um forte movimento acontece aqui do lado e devemos nos voluntariar ao esforço regional do desenvolvimento. Não podemos nos permitir ficar olhando. Rio Grande está tentando e vem alcançando algum sucesso. Quem sabe se fosse um esforço compartilhado o sucesso seria maior. A questão é que não dá para cada um tentar de um jeito e outros de jeito nenhum. Aí fica mais difícil.
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